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Nacionales Galiza :: 03/06/2020

A Galiza do post-Covid: Agromará umha nova política? Onde?

Galiza Livre
La Galiza post-Covid. Aparecerá una nueva política? Donde?

A pergunta era pola desafecçom. “As democracias liberais gerem umha parte de desafecçom, mas tenhem problemas se medra de mais”, responde o ensaísta David Rodríguez (Vigo, 1975). “Medrará se se instala a ideia de que o sistema político nom resolve os problemas dos cidadaos e estes ficam convertidos em espetadores numha democracia que tem mais de ficçom e sobreactuaçom que de representaçom real”, considera Carmen Arango (Madrid, 1977), jornalista e politóloga com experiência em gabinetes de comunicaçom de grandes partidos.

Discrepa o professor Miguel Anxo Bastos Boubeta (Vigo, 1967), umha figura de referencia estes últimos anos na Faculdade de Políticas de Compostela: “A questom da desafecçom é mui controvertido. Muitos politólogos consideram que em si mesma nom é má. Há democracias sem grandes debates em que os políticos discutem se fazer umha ponte aqui ou ali… temos democracias mui pacíficas, mui estáveis, com taxas de participaçom mui baixas, o caso de Suíça ou dos Estados Unidos de América. Depois estám as democracias com afecçom política, som sociedades mui tensas, com uns dum lado e os outros, doutro. O problema que poderíamos ter agora aqui é que aumentara a afecçom”.

“Os dados nom som claros”, explica Mónica Ferrín, “o indicador que se toma para medir a desafecçom é o de satisfacçom coa democracia. E adoita mudar, flutua sobre todo em relaçom co estado da economia, em funçom de como vai a economia, a xente está mais ou menos satisfeita coa democracia. Se olhas os dados, já nom há umha tendência clara como houvo nos noventa, cara abaixo, agora flutua”. Ferrín (Genebra, 1979) é professora de Metodologia de Investigaçom por Inquéritos na Faculdade de Sociologia da Universidade da Corunha. “Há indicadores que sim tenhem tendências negativas: como o de confiança nos políticos e o de confiança nos partidos políticos. Nestes si se vê umha queda na maioria dos países europeus. Nos anos oitenta e noventa a afiliaçom partidista era mui clara, hoje já nom o é tanto. Nom há aquela identificaçom tam forte.

Ferrín adverte que as cifras de abstençom eleitoral também flutuam e nom se define umha tendência clara, mesmo, indica, “porque a gente também utiliza outras vias, como a participaçom em movimentos sociais, para influír na política”.

Mas a política além da institucional na Galiza desperta dúvidas. “Há uns anos teria dito que todo o poder para o poder popular, hoje som bastante cético”, reconhece David Rodríguez, autor de O canastro sem tornarratos, um celebrado ensaio sobre a emergência da nova política. “Umha das ensinanças que tirei da política post 15M é que os movimentos sociais no país estám mui verdes, tenhem pouca capacidade organizativa e mobilizadora. Ao final som os partidos e os sindicatos clássicos os que tenhem a capacidade de estruturar minimamente o mal-estar. Mas a história sempre está aberta… e cada vez hai mais xente excluída que num momento dado poderia organizar-se. Há uns anos pensávamos que a precariedade era algo transitório, da mocidade, mas imo-nos fazendo maiores e seguimos instalados nela. Quiçá isso…”

A economia, as possibilidades de subsistência material, determinam os giros políticos, coincidem os analistas. “Ainda estávamos a recuperar-nos da anterior e já temos aqui umha crise económica que pode ser devastadora. Quiçá vejamos umha reediçom dos discursos do 15M, mas sem vocaçom transformadora; desta volta o giro iria cara a postulados mui conservadores e mesmo tradicionalistas”, di Carmem Arango, que intui umha luz nos movimentos vizinhais que durante o confinamento se figérom cargo de atender e abastecer as vizinhas mais vulneráveis. “Igual esta crise serve para reforçar os vínculos mais próximos e vemos agromar um tecido social a pequena escala sem ligaçom com entes institucionalizados. Quiçá isso…”

“Se vem um programa de ajuste mui duro, a gente toma partido, pode haver distúrbios, revoltas nas ruas… como sucedeu em Grécia”, adverte Bastos Boubeta. “Nesse cenário sim que haveria afecçom, a gente veria-se implicada porque a política afetaria de forma direta à sua vida. A afecçom nom é necessariamente boa”.

Olhando para os últimos barómetros do CIS, o professor em Compostela sinala que as questons que mais interesse despertavam entre os inqueridos eram as referidas à questom catalá, ao cambio climático, à confiança nos políticos… “desafecçom?, pode. O certo é que esses debates ficárom tapados como se nom impactaram na vida da gente. Mas o que está a passar e o que vem, sim; sim que impacta… o que temo precisamente é que haja moita afecçom. A maior implicaçom nom tem porque estar encaminhada através dos partidos, pode trazer umha polarizaçom social mui grande”.

Mónica Ferrín participa dum projecto europeu sobre a concepçom da democracia entre a cidadania que se iniciou no 2012 e tinha previsto desenvolver umha segunda quenda de trabalho de campo nestes meses. O coronavírus atrasou as pesquisas até setembro. “O que descobrimos é que as concepçons que se tinham nom 2012 terminarom por afetar ao panorama político a nível macro. É dizer, umha determinada concepçom derivou numha determinada configuraçom do sistema de partidos. Nos estados, como Espanha, Grécia ou Itália, que estivérom mui afectados pola crise económica, elementos de igualdade social tinham maior peso na concepçom da democracia. O desajuste entre os que os cidadaos esperam que lhes dê a democracia e o que realmente lhes oferece permite que surjam determinados partidos. Assim, quem tinham esse sentimento mais forte, votárom Podemos.”

– Que tipo de partidos trazerá esta crise?

– Nom sei… nom temos datos sobre isso. O único que podemos constatar é que já havía umha tendência à polarizaçom. Isso pode dar lugar a que a gente se decante polas forças mais polarizadas ou que opte pola moderaçom e quedar co que temos. Que vai passar? Nom o sei

 

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