Ao proletariado, juventude, mulheres e conjunto do povo trabalhador galego
O ano 2016 passará à história da luita de classes e de libertaçom nacional da nossa Pátria como o ano no que o Estado espanhol exibe sem pudor a sua natureza de Estado burguês com vocaçom autoritária e fascista.
Com o intuito de evitar que o crescimento da deslegitimaçom entre amplos setores populares do regime emanado do franquismo transitara face um quadro de difícil gestom, a oligarquia optou por aprofundar na implementaçom de arriscadas medidas tendentes a impossibilitar a maduraçom de condiçons proclives à configuraçom de um bloco social de orientaçom ruturista.
A corruçom geralizada que como umha metástase fulgurante se estende entre o conjunto do sistema, forçou ao regime da segunda restauraçom bourbónica a sacrificar alguns dos seus mais destacados membros para assim salvar a Casa Real como emblema e garantia da sua continuidade.
Na especificidade da profunda crise estrutural que arrasta o postfranquismo no quadro da crise global do capitalismo senil, devemos entendermos as operaçons mediáticas de detençom seletiva de destacados dirigentes do PP, mas também a aplicaçom de “soluçons” finais que garantem a lei do silêncio.
Assim devemos interpretarmos a morte súbita de Rita Barberá, icone da casta corruta e gansteril. Um claro aviso a quem corresponda que o bloco oligárquico nom lhe treme a mao para garantir ao preço que for a sua continuidade.
O retrocesso nas liberdades, a conculcaçom dos direitos individuais e coletivos, a impunidade com a ditadura fascista, a permamente atualizaçom de medidas de excepçom e mudanças no Código Penal, a expulsom automática de refugiados e emigrantes, a situaçom das prisons, as torturas e maus tratos nas esquadras policiais, homologa a Espanha com a Turquia. Organizaçons internacionais burguesas como Aministia Internacional assim o reflite no seus informes.
A repressom para acabar com o ciclo ascendente de luitas que caraterizou a mudança de década tem atingido boa parte dos objetivos que perseguia. Esta estratégia combinada com a promoçom de um espaço institucional-eleitoral canalizador da indignaçom e o malestar popular logrou a desmovimentaçom popular, gerando um quadro de “pax social” que permite endurecer a exploraçom de classe e a assimilaçom nacional.
O ano 2016 passará à história da luita de classes e de libertaçom nacional da nossa Pátria como um ano de transiçom, no que o desencanto e a frustraçom pola incapacidade de cumprir as promessas e expetativas começa a desinchar o balom da “nova política”.
O regime optou por seguir ensaiando medidas excepcionais visadas a perpetuar o modelo emanado da constituiçom do 78, a recuperar a fórmula da alternáncia política do monopartidarismo bicéfalo. Assim devemos entender o golpe de estado contra a direçom do PSOE que provocou a demissom do seu secretário-geral e a intervençom direta do partido polo Ibex 35 mediante umha gestora.
Assim devemos interpretar a decisom de frear o ascenso eleitoral de Podemos como substituto do PSOE, iniciando um processo de quebramento interno, e o ensombrecimento do neofalangismo representado por C´s.
Assim devemos interpretar o processo de judicializaçom da via independentista catalana, para impossibilitar a prevista consulta acordada no Parlament da Catalunha.
Eis o Estado ao qual nos confrontamos como classe e como povo: um Estado de indiscutível natureza fascista, disposto a todo, inclusive para evitar as mais mínimas mudanças que nom garantam a sua perpetuaçom.
Este endurecimento repressivo tem acompanhado o conjunto de medidas ultraliberais adotadas polo governo do PP plasmadas em permanentes agressons contra a Galiza, contra a classe trabalhadora e contra as mulheres, seguindo os diktados da troika.
A “ditadura televivisa” nom cessou na manipulaçom constante visada a impor os fetiches do capitalismo.
Em 2016 os cortes, as políticas de austeridade, as privatizaçons, fôrom o pam de cada dia para o povo trabalhador. Mais de 300 mil desempregadas e desempregados, perto de meio milhom de contratos precários e eventuais, dúzias de famílias perdêrom as suas casas, salários e pensons de miséria, deterioramento da saúde, do ensino e dos serviços sociais, emigraçom maciça da juventude, aumento do custo de produtos básicos de consumo, da eletricidade, da água, do transporte e incremento impositivo, só tenhem provocado dor e sofrimento.
O refluxo da luita popular e o deslocamento das ruas e centros de trabalho e ensino como centro de gravidade da participaçom, substituída polo ilusionismo eleitoral e o critinismo parlamentar, tem sido determinante para frear o desgaste do pós-franquismo, do ilegítimo regime pactuado na segunda metade da década de setenta.
Galiza esmorece
Este adverso cenário de retrocessos populares enquadra-se no prolongado processo de crise nacional galega.
Longe de leituras maquilhadas e de triunfalismos irresponsáveis que só prejudicam o nosso específico quadro nacional de luita, nom podemos evitar seguir alertando da grave situaçom que atravessa Galiza como projeto político, e nom nos referimos única nem basicamente à hemorragia eleitoral do “nacionalismo de esquerda”, e sim a um conjunto de tendências e factores transversais verificáveis em todas as ordens da sociedade galega, fruto do sucesso da eficaz estratégia assimilacionista espanhola e dos erros cometidos polo conjunto das forças políticas e sociais que definimos como esquerda patriótica galega.
Ou bem sentamos as bases para alterar esta tendência inçada de pulsons suicidas às que inconscientemente está aderido umha considerável parte do nosso povo ou o projeto nacional galego continuará avançando face a derrota estratégica.
25 aniversário da implosom da URSS
A um quartel de século da desapariçom da Uniom Soviética o comunismo revolucionário galego nom pode obviar as nefastas consequências dessa calamidade histórica que acelerou o refluxo, a derrota do movimento operário a escala mundial e a atual ofensiva ideológica burguesa.
A desapariçom da URSS foi catastrófica para a luita de classes, acelerando as políticas neoliberais e a nova [des]ordem internacional de caos sistémico e guerra global contra os povos.
Hoje o mundo nom só é mais desigual e menos seguro, as perspetivas para a vitória na nossa luita pola libertaçom da humanidade estám mais afastadas polo derrotismo inoculado no imaginário coletivo da classe operária.
Sem pretendermos realizar um exercicício de nostalgia por um modelo de socialismo burocrático, de um sui generis capitalismo de estado, devemos adimitir com a perspetiva histórica destes 25 anos que nom avaliamos corretamente os efeitos demoledores para a causa anticapitalista que significou a dissoluçom da URSS a 25 de dezembro de 1991.
100 aniversário da Revoluçom Bolchevique
2017 é o ano do centenário da Revoluçom de Outubro, da primeira vitória da classe operária após a efémera experiência da Comuna de Paris de 1871.
Resgatar e divulgar a importáncia do processo histórico de 1917 que mudou radicalmente o mundo é umha tarefa prioritára do comunismo revolucionário.
A imensa maioria das conquistas atingidas na Revoluçom Bolchevique seguem 100 depois formando parte do programa de qualquer organizaçom ou movimento situado nos parámetros da causa operária e popular.
A Revoluçom Bolchevique ensinou-nos que nom só é possível, que é imprescindível tomar o poder. Que o caminho nom é a inofensiva e inviável via eleitoral. Que só destruíndo o Estado burguês, e simultaneamente levantando um Estado operário de caráter transitório, podemos sentar as bases para construir o Socialismo caminho do Comunismo.
Que a Revoluçom é umha rutura com a velha ordem alicerçada na desigualdade e a injustiça, que só a classe operária dirigida por um partido comunista revolucionário pode desenvolver esta tarefa. Que a luita ideológica contra toda forma de reformismo e revisionismo é tarefa essencial do proletariado organizado e movimentado na sua ferramenta de vanguarda para luitar e combater: o partido marxista-leninista.
Que o partido deve estar configurado basicamente por trabalhadoras e trabalhadores, garantir a sua genuína natureza proletária e classista, sob umha orientaçom e direçom operária.
Um partido comunista formado por comunistas, nom umha organizaçom dirigida pola pequena-burguesia de orientaçom progressista.
Que o internacionalismo deve ser um dos sinais e identidade teórico-prática do movimento operário.
Sem Outubro de 1917, sem Lenine, os povos do mundo nom teriam logrado as grandes conquistas que a Revoluçom Bolchevique e a Internacional Comunista irradiou no conjunto do planeta, sobre as que se inspirárom outras Revoluçons populares ao longo do século XX, a vitória sobre o nazi-facismo, o processo descolonizador, as luitas de libertaçom nacional, as conquistas atingidas polas mulheres trabalhadoras, os direitos laborais da classe operária …
Temos pois que seguir até a vitória no rumo que abriu Outubro de 1917, sempre sob a bandeira vermelha de Marx, Lenine e o Che.
50 anos sem a sua querida presença
Também o ano 2017 é o do aniversário da morte há meio século do Che Guevara na Bolívia polo imperialismo ianque, após ser capturado em combate.
Resgatar o seu exemplo de comunista revolucionário, o seu legado rebelde e transgressor, as suas achegas teórico-práticas à Revoluçom Socialista, depurá-lo do inofensivo icone de camisola e da caricaturizaçom dogmática, deve ser umha das tarefas da luita ideológica comunista. Porque o Che é um exemplo a seguir, é umha fonte de inspiraçom da Revoluçom Galega.
Independentismo socialista galego
Lamentavelmente devemos reconhecer que em 2016 a esquerda independentista galega nom logrou avanços. Tam só se fôrom clarificando as tendências geradas pola implosom do ano anterior.
O movimento de libertaçom nacional galego segue debilitado, fragmentado e subjetivamente instalado no derrotismo e na resignaçom, o independentismo socialista segue desnutrido e na indigência organizativa.
Embora logramos evitarmos cair na discontinuidade orgánica e frear as tendências dissolventes hegemónicas em boa parte da generaçom que há 20 anos cumpriu a tarefa histórica de reimpulsionar o movimento de libertaçom nacional galego, a realidade do ano que finaliza constatou a profunda derrotada subjetiva na que continua instalada.
Os contratempos e adversidades sobre os que seguimos navegando só permitírom umha modesta comemoraçom do 20 aniversário da fundaçom de Primeira Linha, reafirmando o nosso perfil e vocaçom de partido comunista combatente, patriótico e revolucionário galego.
Porém, mais umha vez queremos manifestar que nom arriamos bandeiras e que seguimos defendendo que o axioma Independência-Socialismo segue plenamente vigente. É o eixo central da estratégia da Revoluçom Galega. Nom queremos remendos, nem reformas do capitalismo, luitamos polo Comunismo, por umha sociedade sem classes nem opressons. E toda a nossa linha tática está supeditada a este objetivo.
Insurreiçom nacional, obreira e popular
Nom nos cansaremos de afirmar as mudanças e transformaçons que anseia umha ampla maioria social, nom serám resultado das alternáncias eleitorais da partitocracia, nem dumha maioria aritmética parlamentar.
O sistema capitalista e o regime postfranquista há que tombá-lo na rua, mediante a combinaçom dialética de todas as formas de luita. A insurreiçom nacional, obreira e popular é a única estratégia que nos conduzirá para a libertaçom nacional, emancipaçom de classe e superaçom da dominaçom patriarcal.
A Revoluçom Galega emanará de um levantamento popular que dia a dia, em cada luita anónima ou pública, temos que contribuir silenciosamente para preparar.
A dia de hoje ainda nom existem as condiçons subjetivas imprescindíveis que permitam atingí-la. O nosso dever é contribuirmos para criá-las. O único caminho é a organizaçom e a luita popular. Nom há atalhos para abrir amplas alamedas. Só a persistência da luita quotidiana, do compromisso altruísta, do bem-estar do dever cumprido, da humildade revolucionária, permitira que as condiçons eclosionem e um furacám popular tombe este regime o o sistema que o ampara.
Tal como já manifestamos no Dia da Galiza Combatente do ano que agora finaliza “a reconstruçom do movimento revolucionário galego e internacional exige fugir de nostalgias, reclama abandonarmos as deformaçons do marxismo que arrastamos a prática totalidade das forças que nos reclamamos seguidoras dos seus ideais emencipadores. Cumpre voltarmos às origens, restaurar os fundamentos do anticapitalismo, recuperar o espírito rebelde e antagónico que carateriza o marxismo-leninismo”.
O comunismo do século XXI tem que depurar-se da mutaçom político-ideológica imposta pola hegemonia pequeno-burguesa no seu seio ao longo do século XX, tem que agir como movimento subversivo, como insurgência nacional sob umha orientaçom e coordenaçom internacional. A rebeliom nom só é um direito, é umha obrigaçom.
2017 vai ser novamente um ano mui duro
Espanha e a UE ainda nom logrou derrotar a classe obreira nem a Naçom Galega, mas o pacote neoliberal que se vai implementar nosvindouros meses só poderá ser frear mediante a luita e a mobilizaçom obreira, nacional, popular e feminista, e isto só é possível mediante a reconfiguraçom da esquerda revolucionária galega.
Lembranças, homenagens e desejos
Queremos finalizar este primeiro comunicado de 2017 lembrando ao comandante Fidel Castro, logo de que o latido do seu imenso coraçom se tivesse apagado há umhas semanas após umha vida exemplar de vitórias pola causa do Socialismo e a soberania dos povos.
Reclamamos o Fidel do comunismo revolucionário, o que resistiu e confrontou com o fusil e o povo armado para defender as conquistas sociais e a independência e soberania nacional de Cuba, o referente e exemplo para os povos do mundo. O seu legado está gravado a lume nas melhores páginas da luita da humanidade.
Lembramos às seis mulheres assassinadas polo terrorismo machista na Galiza em 2016.
Homenagemos ao povo sírio pola libertaçom de Alepo de terroristas e aplaudimos a dimensom da vitória atingida sobre o imperialismo da NATO.
Nom queremos despedir este 2016 sem transmitir umha calorosa saudaçom comunista e patriótica à Galiza rebelde e combativa, a toda a juventude, às mulheres, ao proletariado, ao conjunto da classe obreira que luitou nos seus respetivos centros de trabalho e ensino, nas ruas, contra as agressons em curso.
Queremos também reclamar a liberdade dos presos e presas políticas galegas.
Ao conjunto da classe obreira galega e do mundo enviamos umha saudaçom comunista revolucionária.
Saudaçom que fazemos extensível ao movimento popular galego e a todos aqueles coletivos e organizaçons que combatem sem trégua.
E aos povos do mundo que luitam contra o imperialismo, especialmente ao povo da Palestina, da Síria, do Iraque, do Saara, do Curdistám, da Nova Rússia, da Venezuela, de Cuba, da Grécia, da Catalunha, às organizaçons revolucionárias e partidos comunistas com os quais nos unem intensos e fraternos laços de amizade forjados na solidariedade internacionalista.
Até a vitória sempre!
Viva a Revoluçom Galega!
Comunismo ou caos! Venceremos!
Galiza, 31 de dezembro de 2016