Valorizaçom de urgência dos resultados eleitorais de 12-J
À espera dumha avaliaçom detalhada dos resultados das Eleiçons Autonómicas 2020, Causa Galiza fai pública a sua valorizaçom de urgência deste acontecimento político e das prioridades que, da nossa ótica, definem os resultados do processo eleitoral e a correlaçom de forças que dele deriva:
1. O objetivo principal, que era fechar o ciclo neofranquista à frente da Administraçom autonómica, e pôr esta ao serviço de políticas progressivas, foi inalcançável e adia-se por quatro anos. A consistência da base social de apoio ao PP, a aposta do Estado espanhol no candidato Feijóo como garantia de estabilidade institucional e gestom leal dos interesses oligárquicos e o incumprimento do papel quantitativo que correspondia à esquerda espanhola no processo aparecem como alguns dos múltiplos factores que explicam o resultado.
2. O importante ascenso eleitoral do nacionalismo nom-independentista em termos quantitativos e qualitativos é o acontecimento mais destacável da jornada: o BNG recupera a posiçom hegemónica na oposiçom institucional, supera o seu teito histórico de presença parlamentar na CAG de 1997 —embora nom o de voto—, reagrupa sob a sua direçom e programa o grosso do voto que sociologicamente se situa “à esquerda do PSOE” e polariza a vida política nacional entre o nacionalismo e o PP. Como independentistas avaliamos positivamente este novo cenário.
3. A debacle da esquerda espanhola é absoluta: a filial galaica do PSOE fica estagnada eleitoral e institucionalmente embora contar com o apoio formal, que nom real, do Governo espanhol. Este sacrificou o seu candidato Caballero ao candidato Feijóo, por ser quem melhor garante agora a defensa dos interesses do Estado na Galiza. Podemos e as organizaçons satelizadas desaparecem da vida parlamentar como prelúdio da mais do que provável desapariçom, também, da vida política do País. A debacle evidencia a insustentabilidade da tese beirista, e da chamada Posición Luis Soto, segundo as quais a Galiza precisaria da esquerda espanhola para avançar face o exercício do direito de autodeterminaçom. O povo galego puniu com claridade esta formulaçom e o abismo existente entre a retórica rupturista que loce e a praxe oportunista que executa.
4. Parabenizamo-nos pola nom-entrada no Parlamento colonial das formaçons de extrema direita Vox e Ciudadanos. Se bem o voto de ambos se concentrou no PP, o fascismo explícito apenas carece de presença sociológica na Galiza e provoca um estendido rechaço como evidencia a contestaçom à campanha eleitoral fascista.
5. Auto-organizaçom, mobilizaçom e conflito social para a defesa dos interesses imediatos devem passar agora para o primeiro plano. Venhem quatro anos de bloqueio institucional na CAG. Este tempo pós COVID-19 caraterizará-se por umha forte queda do PIB nacional, a tentativa de impor à classe trabalhadora e as classes populares galegas o pagamento da crise que agudizou a pandemia, políticas de pacto social ao serviço da CEOE, a crise do modelo político e institucional da Transición e o horizonte dumha reforma constitucional que refrote o regime e o Estado espanhóis. Nesta tesitura, avançarmos no processo de liberaçom nacional, com o despejo do neofranquismo das instituiçons como objetivo necessário, exige diversificar as linhas de intervençom para além da esfera eleitoral e institucional. Fai-se imprescindível, por razons táticas e imediatas —defensa efetiva dos interesses urgentes do povo galego—, e por razons estratégicas, reforçar a luita e a mobilizaçom, umha aposta na elevaçom do nível de consciência política, a auto-organizaçom e o empoderamento populares, o conflito, etc. Defender a Galiza e, como passo imprescindível, debilitar e superar definitivamente a hegemonia social, eleitoral e institucional da direita espanhola, exige o concurso de todos os planos de intervençom.
6. Concebemos a luita independentista como umha corrida de fondo que se joga, também, na esfera eleitoral e institucional, mas é irredutível a esta. A nossa principal tarefa como organizaçom, hoje, é ser o embriom dum projeto político e dumha estratégia independentistas críveis, com incidência social e vocaçom de massa. Neste sentido, é que apelamos à militáncia independentista a participar no processo de atualizaçom de diagnósticos e estratégia que Causa Galiza ativou há meses —Processo Trevinca— e pretende dotar o independentismo dumha leitura objetiva da realidade e umha folha de rota confiável para a próxima década. Conscientes da comprometida posiçom em que nos encontramos como organizaçom encausada na Audiencia Nacional, animamos-vos a todos e todas a fortalecer este polo de acumulaçom de forças e abortar os objetivos da repressom política.
Na Terra, em 13 de julho de 2020