lahaine.org
Nacionales Galiza :: 03/08/2013

[Gal/Cast] O acidente de Angrois e o racismo contra o galego

Mauricio Castro
Afirmarnos como pueblo y simultáneamente despreciar el poder de la intolerancia y supremacismo español, mostrando respeto por todos los pueblos es el camino a seguir

Galego

Fique descansado quem julgar que vou somar-me aos já numerosos contributos jornalísticos e de opiniom sobre questons técnicas e responsabilidades políticas que cada vez mais claramente enxergamos como existentes em torno do terrível acidente ferroviário de Compostela.

Em lugar disso, queria apenas referir algumhas questons laterais surgidas com motivo do acontecido nas vésperas do nosso Dia da Pátria em Compostela. Um exercício que pode ser feito com cada acontecimento galego que, por algum motivo, salta às manchetes informativas espanholas.

Refiro-me à visom existente e ao juízo ou consideraçom com que o nosso povo é abordado polos opinadores, plataformas mediáticas e mesmo na mitologia popular realmente existente sobre nós na vizinha Espanha, que mais umha vez ficou patente no caso do acidente de Angrois.

Todas e todos temos comprovado como, cada vez que um ou umha compatriota joga algum papel de destaque mediático, político ou do tipo que for, na rivalta do grande teatro espanhol, será sempre e inequivocamente identificado como “el gallego” ou “la gallega”. Nada que salientar sobre isso, salvo a evidência de constituirmos um paradigma diferente, impossível de obviar por esses meios de opiniom e informaçom.

Existe, no entanto, um conteúdo por trás da etiqueta. Um conteúdo que nom corresponde ao que nós somos, mas ao que nós representamos a olhos do observador espanhol. É aí que surge, inevitavelmente, a atitude superior, desprezativa, de incompreensom e intoleráncia do diferente, por muito que mesmo o galego ou galega em questom faga esforços por passar despercebido e homologar-se com o standard.

Nom é essa umha caraterística dos mecanismos de funcionamento ideológico do racismo? Certamente, o povo galego nom constitui umha raça diferenciada, nem coisa do género. Procure-se, se se preferir, a denominaçom mais adequada para umha realidade evidente, pois o importante é o conteúdo ideológico do assunto, nom a etiqueta.

Twitter é um bom espelho do que dizemos. Chamárom a nossa atençom, por exemplo, os comentários abertamente racistas ou, se preferirmos, xenófobos difundidos logo nas primeiras horas após a morte de dúzias de pessoas na fatídica curva da Grandeira.

“Joder, no sabía que había 50 muertos en el accidente del tren... aunque si son gallegos tampoco importa mucho”. Alguém colocava esse tweet e conseguia, em poucos minutos, 102 retweets e 14 classificaçons como 'tweet favorito'.

“Lo del accidente es gracioso si piensas en las víctimas agonizando com esse acento”, tweetava umha outra usuária, também espanhola, em referência ao que acabava de suceder na capital do nosso país.

Contrariamente ao que poderíamos supor a partir da leitura destes e doutros tweets semelhantes que circulárom nas primeiras horas a seguir ao sinistro, nom creio que sejam representativos de um sentimento generalizado por parte do povo espanhol em relaçom ao povo galego. Porém, sim considero inegável que transparecem umha ideologia secularmente implantada no imaginário espanhol, de tipo racista, xenófobo ou como quigermos chamá-lo, sobre umha identidade, a galega, dificilmente assimilável, ainda hoje, ao padrom nacional espanhol.

Nom é preciso recuarmos à literatura do chamado Século de Ouro espanhol para ler comentários de ódio étnico como os acima reproduzidos, em obras anónimas como El Lazarillo de Tormes, que repete a expressom “a pesar de gallegos” para referir qualquer virtude de personagens da nossa nacionalidade, ou em autores como Luís de Góngora na descriçom do País (lembremos as “montañas de Galicia cuya espesura es suciedad, cuya maleza es malicia...”) e Lope de Vega em relaçom à pouca utilidade da nossa língua (“Si a las lenguas la ciencia no acompaña, lo mismo es saber griego que gallego”).

É conhecido que os galegos e as galegas somos “pessoas ruins” no tópico literário e popular castelhano-espanhol, que parte, no mínimo, dos séculos XVI-XVII. Porém, nom é preciso, dizia, recuarmos tanto para comprovar a vitalidade dessa visom.

Nem sequer é necessário fazermos referência à definiçom que o nosso nome gentílico registam os seus dicionários.

Contodo, o certo é que os comentários de aberto desprezo pola nossa nacionalidade tweetados depois do acidente de Angrois evidenciam a vitalidade de todo esse “imaginário tradicional” a que fazemos referência e que nos dias de hoje continua a manifestar-se em todos os ámbitos da vida social espanhola.

Como classificaríamos se nom as expressons recorrentes de jornalistas e políticos espanhóis sobre o caráter galego, sistematicamente ligado a valores negativos, aplicados a figuras relevantes da atualidade espanhola? É o caso de Mariano Rajoi, acusado de ser “gallego no sentido más peyorativo del término” por Rosa Díez, ou da própria mulher do presidente espanhol, Elvira Fernández, que numha entrevista recente chegou a se autodefinir como “directa, pasional y nada gallega”.

Como acontece em contextos de racismo, também na Galiza somos amiúde as próprias galegas e galegos (como a mulher de Rajoi) os primeiros a assumir e reproduzir os tópicos degradantes que a cultura castelhano-espanhola nos dedica há séculos. Mais umha manifestaçom do conhecido “auto-ódio” que ajuda a perpetuar a nossa funçom dependente, em termos que lembram algumhas caraterísticas dos contextos abertamente coloniais.

Poderíamos estender-nos com outras questons significativas do acidente, como o facto de a Renfe oferecer atendimento administrativo às vítimas só em Madrid, apesar de a maioria delas serem galegas, ou a campanha de manipulaçom da dor e do luto do nosso povo “ad maiorem gloriam Hispanieae”, tam evidente nos meios de comunicaçom e no tratamento político de tam desgraçado acidente.

Em definitivo, analisando criticamente o acontecido há umha semana com a perspetiva galega e soberanista, fica claro que o caminho para a nossa plena emancipaçom passa por muitas vias de autoconstruçom da consciência nacional. Porém, todas elas devem valorizar a nossa identidade e, em simultáneo, desprezar um poder que, com posiçons de intoleráncia e supremacismo inocultáveis, continua a “tratar mal os galegos”, parafraseando Rosalia.

Nunca deveremos reproduzir a mesma ideologia reacionária que criticamos, por isso a nossa afirmaçom como povo obriga a mostrar idêntico respeito por todos os outros povos. Reclamar a nossa independência e soberania obriga a praticar o princípio da relaçom entre iguais a que toda pessoa e naçom livre deve aspirar, em nome da dignidade e da fraternidade humanas.

Nos êxitos e nas desgraças coletivas, como a que nestes dias nos tocou viver... esse é o caminho.

Castellano

Quede tranquilo quien crea que voy a sumarme a las ya numerosas aportaciones periodísticas y de opinión sobre cuestiones técnicas y responsabilidades que cada vez más claramente vislumbramos como existentes sobre el terrible accidente ferroviario de Compostela.

En cambio, quería apenas referirme a algunas cuestiones laterales surgidas con motivo de lo sucedido en la víspera de nuestro Dia de la Patria en Compostela. Un ejercicio que puede ser realizado con cada acontecimiento galego que, por algún motivo, salta a las primeras páginas informativas españolas.

Me refiero al punto de vista existente y al juicio o consideración con que nuestro pueblo es abordado por los opinadores, plataformas mediáticas e incluso en la mitología popular realmente existente sobre nosotros en la vecina España, que una vez más quedó patente en el caso del accidente de Angrois.

Todas y todos hemos comprobado como, cada vez que una compatriota juega algún papel mediático destacado , político o del tipo que sea, en la escena del gran teatro español, será siempre inequívocamente identificado como "el gallego" o "la gallega". Nada que subrayar sobre eso, salvo la evidencia de sernos atribuido un paradigma diferente, imposible de obviar por esos medios de opinión e información.

Existe, sin embargo, un contenido detrás de la etiqueta. Un contenido que no corresponde a lo que nosotros somos, sino a lo que nosotros representamos a los ojos del observador español. Es así que surge, inevitablemente, la actitud superior, despreciativa, de incomprensión e intolerancia de lo diferente, por mucho que incluso el galego o galega en cuestión haga esfuerzos para pasar desapercibido y homologarse con lo standard.

¿No es esa una característica de los mecanismos de funcionamiento ideológico del racismo? Verdaderamente, el pueblo galego no está constituido en una raza diferenciada, ni cosa similar. Se busca, si se prefiere, la denominación más idónea para una realidad evidente, pues lo importante es el contenido ideológico del asunto, no la etiqueta.

Twiter es un buen espejo de lo que decimos. LLamaron nuestra atención, por ejemplo, los comentarios abiertamente racistas o, si preferimos, xenófobos difundidos, pues, en las primeras horas después de la muerte de docenas de personas en la fatídica curva de la Grandeira.

"Joder, no sabía que había 50 muertos en el accidente del tren...aunque si son gallegos tampoco importa mucho". Alguien colocaba ese tweet y conseguía, en pocos minutos, 102 retweets y 14 clasificaciones como "tweet favorito".

"Lo del accidente es gracioso si piensas en las víctimas agonizando con ese acento", tweetaba otra usuaria, también española, en referencia a lo que acababa de suceder en la capital de nuestro país.

Contrariamente a lo que podríamos suponer tras la lectura de estos y otros tweets semejantes que circularon en las primeras horas que siguieron al siniestro, no creo que sean representativos de un sentimiento generalizado por parte del pueblo español en relación al pueblo galego. Sin embargo, si, considero innegable que dejan entrever una ideología secularmente implantada en el imaginario español, de tipo racista, xenófobo o como quisiéramos llamarlo, sobre una identidad, la galega, dificilmente asimilable, aún hoy, al padrón nacional español.

No es necesario retrotraernos a la literatura del llamado Siglo de Oro español para leer comentarios de odio étnico como los que arriba reproducimos, en obras anónimas como El Lazarillo de Tormes, que repite la expresión " a pesar de ser gallegos" para referir cualquier virtud de personajes de nuestra nacionalidad o en autores como Luis de Góngora en la descripción del País (recordemos las "montañas de Galicia cuya espesura es suciedad, cuya maleza es malicia...") y Lope de Vega en relación a la poca utilidad de nuestra lengua ("Si a las lenguas la ciencia no acompaña, lo mismo es saber griego que gallego").

Es sabido que los galegos y las galegas somos "personas ruines" en el tópico literario y popular castellano-español, que parte, al menos, de los siglo XVI-XVII. Sin embargo, no es necesario, decía retrotraernos tanto para comprobar la vitalidad de esta visión.

Ni siquiera es necesario hacer referencia a la definición que nuestro nombre gentilicio registran sus diccionarios.

Aún así, lo cierto es que los comentarios de abierto desprecio por nuestra nacionalidad tweetados después del accidente de Angrois evidencian la vitalidad de todo este "imaginario tradicional" a que hacemos referencia y que a día de hoy continúa manifestándose en todos los ámbitos de la vida social española.

¿Cómo clasificafríamos sino las expresiones recurrentes de periodistas y políticos españoles sobre el carácter galego, sistemáticamente ligado a valores negativos, aplicados a figuras relevantes de la actualidad española? Es el caso de Mariano Rajoi acusado de ser "gallego en el sentido más peyorativo del término" por Rosa Díez, o de la propia mujer del presidente español, Elvira Fernández, que en una entrevista reciente llegó a autodefinirse como "directa, pasional, y nada gallega".

Como sucede en contextos de racismo, también en Galiza somos a menudo las propias galegas y galegos (como la mujer de Rajoi) los primeros que asumen y reproducen los tópicos degradantes que la cultura castellano-española nos dedica hace siglos. Pero una manifestación del conocido "auto-odio" que ayuda a perpetuar nuestra función dependiente, en términos que recuerdan algunas características de los contextos abiertamente coloniales.

Podríamos extendernos con otras cuestiones significativas del accidente, como el hecho de que Renfe ofrezca asistencia administrativa a las víctimas sólo en Madrid, a pesar de que la mayoría de ellas son galegas o la campaña de manipulación del dolor y del luto de nuestro pueblo "ad maioren glorian Hispaniae", tan evidente en los medios de comunicación y en el tratamiento político de tan desgraciado accidente.

En definitiva, analizando críticamente lo sucedido hace una semana con la perspectiva galega y soberanista, queda claro que el camino para nuestra plena emancipación pasa por muchas vías de autoconstrucción de la conciencia nacional. Sin embargo, todas ellas deben valorar nuestra identidad, en simultáneo, despreciar un poder que, con posiciones de intolerancia y supremacismo inocultables, continúa a "tratar mal os galegos" parafraseando a Rosalía.

Nunca deberemos reproducir la misma ideología reaccionaria que criticamos, de ahí que nuestra afirmación como pueblo nos obliga a mostrar idéntico respeto por todos los demás pueblos. Reclamar nuestra independencia y soberanía obliga a practicar el principio de relación entre iguales a que toda persona y nación libre debe aspirar, en nombre de la dignidad y de la fraternidad humanas.

En los éxitos y en las desgracias colectivas, como la que en estos días nos ha tocado vivir...ese es el camino.

 

Este sitio web utiliza 'cookies'. Si continúas navegando estás dando tu consentimiento para la aceptación de las mencionadas 'cookies' y la aceptación de nuestra política de 'cookies'.
o

La Haine - Proyecto de desobediencia informativa, acción directa y revolución social

::  [ Acerca de La Haine ]    [ Nota legal ]    Creative Commons License ::

Principal