lahaine.org
Nacionales Galiza :: 05/08/2013

[Gal/Cast] Dúvidas e incógnitas sem resposta sobre a unidade soberanista

Carlos Morais
Dudas e incognitas sobre la unidad soberanista en Galiza

Galego

Nom podia ser de outro jeito, após tantos anos de desencontros e confrontos por mor de profundas divergências na açom teórica-prática.

As desconfianças a respeito da viragem soberanista e de esquerda do BNG tenhem um sólido fundamento, que necessita muito tempo e, basicamente, muitos factos constatáveis para poder superar.

Nom pretendemos responder, porque ainda nom podemos, para além da parcialidade e da excessiva subjetividade de meras hipóteses, a umha boa parte das inquietaçons que provoca confluirmos com o BNG na defesa da soberania nacional da Galiza e da ruptura democrática. A imensa maioria das incógnitas e debates ainda carecem de resposta.

A decisom adotada por Primeira Linha de participar ativamente nesta unidade ampla em base a um programa avançado, à margem dos evidentes riscos que supom para o MLNG, deve contribuir para consolidar o positivo processo iniciado polo nacionalismo de esquerda. Conscientes das diversas velocidades e focagens existentes no seu interior, devemos agir com a máxima habilidade dialética para conseguirmos que seja umha decisom irreversível. Os interesses objetivos das camadas populares e o futuro da Pátria exigem alta visom, responsabilidade, acordos políticos de longo alcance e perspetiva estratégica.

Imprescindível repasso histórico

A primeira pergunta que instintivamente todo o mundo formulou, é sabermos as razons que provocam que, depois de um longo e progressivo processo de abandono das teses soberanistas, o BNG opte por emendar a totalidade da sua prática regionalista. E basicamente porque a renovaçom de caras na sua direçom nacional e entre os quadros intermédios é mui parcial e superficial.

A refundaçom do nacionalismo galego contemporáneo, plasmado na criaçom do BNG em 1982, é resultado do fracasso da via rupturista frente o continuísmo franquista. A reforma maquilhada do regime espanhol tinha provocado enormes tensons e traumáticas divisons internas que exigiam um novo impulso do movimento nacionalista para se adaptar à nova conjuntura política sem renunciar aos princípios estratégicos. Derivada desta coerência política, tinham sido expulsos do parlamentinho os três deputados (1982) e o BNG foi submetido a umha deliberada estratégia de desgaste e destruiçom por parte do Estado espanhol. A ruptura da INTG (1985) foi a mais amarga conseqüência do êxito de um inimigo que procurava domesticar um jovem movimento sociopolítico com clara influência de massas.

O aggiornamento acordado na III Assembleia Nacional (1987) facilitou posteriormente a rápida incorporaçom ao Projeto Comum da prática totalidade das forças e setores situados no ámbito do nacionalismo, mas também de grupos procedentes da esquerda radical espanhola e do galeguismo centrista, que nom questionavam o direito de autodeterminaçom. O resultado das decisons do Carvalhinho foi um espectácular crescimento eleitoral que permitiu em 1997 o sorpasso sobre o PSOE.

Mas a estratégia institucional-eleitoral exigia suavizar a linha discursiva e, portanto, abandonar as práticas mais combativas e antissistémicas que tinham permitido de forma contraditória, mas real, a espetacular acumulaçom de forças sociais e referencialidade atingida entre 1972-1987.

O BNG nasceu como umha frente interclassista para “possibilitar a penetraçom do nacionalismo no tecido social galego”, dotada de um programa soberanista, anti-imperialista, rupturista e de orientaçom socialista, mas arrastando as limitaçons genético-estruturais herdadas dos ecléticos e ambígüos 10 pontos fundacionais da UPG, o seu verdadeiro motor e musculatura. A negativa a adotar umha coerente posiçom estratégica é umha das causas polas quais o debilitado independentismo da altura opta na Assembleia de Riazor por nom se incorporar finalmente no BNG.

Mas nom foi até 2001, quando a frustaçom provocada pola inesperada quarta maioria absoluta de Fraga, acelera a plena incorporaçom do BNG à lógica do regime espanhol. A normalizaçom institucional simbolizada na saudaçom entre Beiras e o ex-ministro franquista numha sessom parlamentar, posteriormente ratificada num jantar no desaparecido “Vilas”, permitiu o progressivo abandono do programa político soberanista e de esquerda.

A prática autonomista/regionalista foi um processo paulatino e imparável, cujo primeiro capítulo foi a “Declaraçom de Barcelona” (1998) assinada com PNB e CiU. Mas o ponto de inflexom da sua definitiva incorporaçom à lógica da Transiçom fôrom os 5 pontos do “Diálogo institucional” (dezembro 2001), pomposamente definido por Beiras como “patriotismo constitucional galego” no debate do “Estado da Autonomia” de dezembro de 2002.

A partir deste momento, primeiro Beiras e a UPG, e posteriormente Quintana e a UPG, já no seio do inesperado bipartido que possibilitou a inédita participaçom do BNG do governo autonómico (2005-2009), fôrom elaborando um conjunto de propostas inconfessadamente autonomistas com formulaçons diversas e graus de intensidade diferentes (Manifesto Bóveda, defesa do Estado plurinacional, da Espanha plural promovida por Zapatero, peso em Madrid, novo contrato com o Estado espanhol, Novo Estatuto para Galiza) até o extremo de se ofertar a participar no apoio o governo espanhol. Todas, enfim, simples iniciativas que só procuravam o melhor encaixe da Galiza em Espanha.

As posiçons do BNG neste período nom só supugérom umha capitulaçom em toda a regra, como fracassárom estrepitosamente na hora de pretender transformar umha organizaçom com umha matriz e trajetória indiscutivelmente rupturista, numha convencional força política eleitoral ao serviço da pequena burguesia e de fraçons da média burguesia autóctone. O BNG tentou absurdamente competir na representaçom dumha parte do espaço social daqueles segmentos das elites periféricas, que reclamavam mais contundência na defesa das competências e do autogoverno autonómico que o endurecimento jacobinista de Madrid já na altura pretendia esvaziar. Mas estes setores intermédios identificavam-se mais e melhor com a “Administraçom Única” de Fraga, que se tinha apropriado do mais morno discurso galeguista polas iniciais facilidades e legitimidade concedidas por Beiras que posteriormente oquintanismo conduziu até o paroxismo.

Foi um processo errático e oportunista, porque o BNG passou de ser rotundamente contrário à reforma estatutária, coincidindo com PP e PSOE em que a soluçom os problemas da Comunidade Autónoma passavam por reclamar mais infraestruturas e vias de comunicaçom (Plano Galiza, PEIT), a defender um Novo Estatuto, coincidindo com a alternáncia política no governo espanhol derivada da vitória do PSOE em março de 2004.

A sua direçom foi incapaz, ou entom nom quijo, de compreender que, salvo nas formas e no “talante”, nada tinha mudado. O primeiro governo de Zapatero tam só procurava ganhar tempo para atualizar os pactos da Transiçom e desmobilizar os movimentos de massas que tinham sido essenciais na ajustada derrota do aznarismo. Porque, tal como se constatou com a beligeráncia e negativa a aceitar o Plano Ibarretxe e o Novo Estatut da Catalunha, Zapatero mantivo inalterável umha ofensiva espanholista que seguiu agindo com enorme sucesso na sombra.

À medida que o BNG ia realizando a sua particular penitência que adulterou o seu perfil de força soberanista e de esquerda, mas que, nom esqueçamos, evitou ficar à margem da ofensiva fascista do segundo governo Aznar (2000-2004), a hemorragia eleitoral iniciada em 2001 nom deixou de aumentar. A desafetaçom de tradicionais setores do seu eleitorado e base social foi a par da perda de votos e da multiplicaçom das tensons e rupturas internas que provocárom o precipitado deslocamento da liderança de Beiras (2003), a cisom da UPG de 2007, os sonoros abandonos da XIII AN (2012), numha etapa convulsa e crispada que ainda só agora está a conseguir superar.

Este período de crise eleitoral, orgánica, de perda de prestígio e legitimidade social, demorou tanto em ser detetada e assumida polos setores hegemónicos na sua direçom, como a compreensom das profundas alteraçons na morfologia de classes e tendências sociológicas que se tinham operado no País a partir da década de noventa do século passado.

Mudanças que contribuem para entender o fracasso da via regionalista e do divórcio do BNG com os setores do proletariado e da juventude urbana que deixou de se identificar com umha força que seguia dirigindo-se a umha sociedade que parcialmente tinha desaparecido e que continuava obsessivamente a largar lastro ideológico para se incorporar a um regime cada vez mais questionado polos novos segmentos sociais excluídos, aos quais o BNG deixara de seduzir.

A direçom do BNG demorou em excesso em dar um guinada porque as enormes regalias e privilégios acumulados em tantos anos de inofensiva tática gradualista impossibilitavam que centenas de quadros estivessem em condiçons de renunciar ao status atingido. De facto, aqui radicam boa parte das atuais resistências internas que dificultam implementar com mais velocidade os acordos e decisons adotadas na última Assembleia Nacional. Porque, nom esqueçamos, as condiçons materiais determinam a consciência.

Causas e limitaçons da viragem

Mas, porque o BNG, após o profundo desgaste e desprestígio social que supujo a metamorfose encenada no bipartido, com as suas posteriores expressons nas cisons que tivérom lugar na Assembleia Nacional de Ámio, optou por reconduzir a linha política? Eis umha incógnita para a qual ainda nom temos, nem podemos ter umha resposta definitiva, embora sim podamos traçar parámetros que podam contribuir para a debulhar.

Sem lugar a dúvidas, a custosa saída do beirismo em termos sociais e eleitorais, mas também do núcleo mais duro do quintanismo -embora o ex-presidente da Junta da Galiza paradoxalmente ainda continue filiado- permitiu umha maior coesom interna que facilitou implementar a mudança de rumo imprescindível para evitar um ainda maior descalabro eleitoral e social que superasse o ponto de nom retorno.

As nossas naturais dúvidas nom se situam no grau e intensidade real da mudança da linha política. No último ano, mas basicamente após a XIV Assembleia Nacional (março de 2013) que elege Xavier Vence como novo porta-voz, tem-se produzido umha indiscutível alteraçom e reajustamento discursivo no ámbito nacional e social. O BNG tem endurecido e afiançado as suas posiçons antineoliberais e anti-imperialistas, questionando a presença da Galiza na UE, mas também, e basicamente, se tem situado no campo do soberanismo, abandonando assim qualquer veleidade autonomista, demonstrando vontade de superar atávicos timoratismos e complexos. Isto, polo menos até agora, é perfeitamente percetível na linha política que impulsiona a sua direçom nacional.

Porém, as nossas lógicas inquietaçons radicam em saber se realmente esta viragem -que mesmo às vezes se negam a reconhecer, justificando que o BNG “sempre foi soberanista”, mas que em determinadas etapas [além de erros sem especificar], houvo setores que confundírom a linha tática com a estratégica-, é fruto de umha reflexom autocrítica ou bem obedece basicamente a razons de índole de oportunidade política.

A multicrise do capitalismo espanhol e as suas dramáticas conseqüências na Galiza estám a provocar mudanças nas tendências sociais de cada vez maiores setores populares, nas quais a radicalizaçom discursiva, o afastamento e mesmo a ruptura com a corrupta casta político-sindical do regime é umha evidência. Perante este cenário subjetivamente adverso, o reformismo tem endurecido o seu discurso, visando assim evitar um maior divórcio com aqueles setores populares enquadrados no campo da esquerda.

Na Galiza, a eclosom eleitoral da AGE é umha pressom acrescentada que nom se pode desconsiderar na hora de avaliar as razons que provocam que o atual BNG incorpore com enorme coerência a defesa da soberania como elemento medular para solventar os problemas que padece a imensa maioria do povo trabalhador galego. Frente ao colaboracionismo explícito de boa parte de Anova com IU, supeditando o eixo nacional à dialética direita-esquerda, o BNG consegue recuperar posiçons perdidas.

Na hora de avaliarmos a linha discursiva hegemónica e oficial do BNG nom podemos desconsiderar, todo o contrário, que esta “radicalizaçom” em curso -que as comunistas galegas reconhecemos e valorizamos como positiva-, supera a emanada de Riazor, ao defender abertamente a necessidade de um Estado galego, dumha República Galega.

Mas tampouco podemos obviar que, ainda assim, continua parcialmente hipotecada à doutrina fundacional de 1964, chocando com a fobia nominalista que dificulta empregar a formulaçom independentista. Esta limitaçom, que o BNG se autoimpom, optando polo eufemismo aparentemente menos agressivo socialmente de defesa da soberania versus independência, é um dos tabus insuperados sem os quais nom será possível consolidar os indiscutíveis passos atingidos.

O atual processo de unidade de açom da esquerda independentista e soberanista ainda se acha numha inicial fase de exploraçom mútua, de abertura de pontes, de conhecimento, diálogo e interlocuçom. Positiva porquanto normalizou as anómalas relaçons entre as forças patrióticas que, assumindo como intrínsecas as divergências táticas e estratégicas, estamos situadas do mesmo lado da barricada frente a um inimigo ferido de morte e portanto mais perigoso.

Neste cenário, Primeira Linha nom se mexeu, tam só ajustou a sua linha tática seguindo os acordos do 5º Congresso (novembro 2010). Seguimos situadas nos mesmos parámetros da nossa génese (1995-1996) e do alargamento experimentado a partir de 2001, com a criaçom da Unidade Popular. De facto, esta unidade soberanista é similar à experiência promovida em 2003 com a criaçom das Bases Democráticas Galegas, posteriormente reformuladas na inicial Causa Galiza (2007).

No crepúsculo do aznarismo, optamos por quebrar o isolamento e abrir vias de trabalho conjunto com setores críticos militantes do autonomismo porque, tal como hoje, considerávamos que nom é possível a emancipaçom social sem a soberania nacional.

A nossa fraqueza impossibilitou que consolidássemos esse espaço que, tampouco devemos esquecer, possuía um programa de mínimos inferior aos acordos atingidos atualmente entre o BNG e nós. As BDG e a Causa Galiza primigénia eram plataformas autodeterministas.

Na hora de analisarmos com rigor e visom de futuro a atual tática de unidade de açom, temos que lembrar que a nossa trajetória tentou sempre agir com máxima coerência tática e estratégica com base em análises rigorosas da realidade, empregando as ferramentas do marxismo. Eis por que combinamos umha oposiçom contundente ao bipartido, confrontando-nos mesmo na rua (manifestaçom nacional contra os incêndios de agosto 2006), como construtiva com a elaboraçom das “444 medidas concretas para umha nova política nacional e de esquerda”, ou avaliando de forma parcialmente positiva algumhas das propostas do documento de Novo Estatuto.

A atual conjuntura constata como acertadas as decisons estratégicas adoptadas no 5º Congresso de dar por superada a fase de unidade de açom do independentismo polas suas impossibilidades subjetivas, primando a recuperaçom do perfil público do MLNG, definindo o seu espaço e delimitando pormenorizadamente as tarefas e objetivos. O “Nós ao nosso” permitiu evitarmos precipitaçons e erros, mas fundamentalmente em base ao exercício da paciência revolucionária aguardar o madurecimento das condiçons subjetivas sobre as que assenta esta fase.

Revisom da caraterizaçom do nacionalismo galego

As resoluçons da Conferência Nacional da UPG (fevereiro de 2013) som de enorme importáncia, pois alteram a doutrina fundacional que até o presente tem impossibilitado que o nacionalismo galego defendesse umha coerente estratégia independentista.

A anorexia ideológica e bulimia eleitoral, a patologia anti-independentista que vimos denunciando desde a fundaçom de Primeira Linha, como intrinsecas ao BNG e à UPG, deverám ser progressivamente matizadas e mesmo corrigidas, na medida que se consolidar o contrário.

No entanto, novamente, a ausência de um debate autocrítico público e a excessiva velocidade na decisom adotada, provoca lógicas inquietaçons e muita prudência na militáncia da esquerda independentista.

A linha política tática está condicionada por fatores conjunturais, mas os princípios estratégicos nom se podem submeter os vaivéns do dia a dia. Por este motivo, é chocante compreender como a mesma UPG que declarava na apresentaçom do XI Congresso (janeiro de 2005) que “nunca fomos independentistas nem separatistas” seguindo a coerência discursiva mantida desde 1964, salvo o parêntese de 1975-77, e que provocou cada década cisons cíclicas do independentismo marxista (PGP, PCLN, Primeira Linha, MpB/MGS), agora aprove dar início a um “processo social amplo que situe no debate político diário as razons polas quais a Galiza precisa de soberania, que contribua decisivamente para o crescimento da consciência nacional e que possibilite a acumulaçom de forças necessária para caminharmos para o objetivo final da soberania e da independência nacional, para podermos construir na Galiza umha sociedade realmente justa, democrática e igualitária”.

Allegro ma non troppo deve ser a nossa posiçom até que se veja confirmada por umha açom teórico-prática permanente que supere os desafios aos quais esta estratégia será irremediavelmente confrontada polo inimigo. Mas esta imprescindível profilaxia com que devemos agir deve ir acompanhada pola continuidade aprofundada do diálogo e dos acordos que facilitem situar a recuperaçom da soberania nacional de óptica anticapitalista e feminista como ponto cardinal na agenda dos movimentos sociais e populares galegos. Só o tempo confirmará se a viragem atual enterra mais de umha década de prática autonomista.

Com respeito, sem perder a perspetiva da nossa assimétrica representaçom social e diferenças qualitativas no programa, princípios e objetivos estratégicos, mas com doses elevadas de generosidade que argamassem a confiança mútua, seremos capazes de cumprir as tarefas desta fase da Revoluçom Galega.

Castellano

No podía ser de otra manera, después de tantos años de desencuentros y enfrentamientos debidos a profundas divergencias en la acción teórico-práctica.

Las desconfianzas respecto al cambio de rumbo soberanista y de izquierda del BNG tienen un sólido fundamento, que necesita mucho tiempo y, básicamente, muchos factores constatables para poder superar.

No pretendemos responder, porque aún no podemos, más allá de la parcialidad y de la excesiva subjetividad de meras hipótesis, a una buena parte de las inquietudes que provoca confluir con el BNG en la defensa de la soberanía nacional de Galiza y de la ruptura democrática. La inmensa mayoría de las incógnitas y debates aún carecen de respuesta.

La decisión adoptada por Primeira Linha de participar activamente en esta unidad amplia en base a un programa avanzado, al margen de los evidentes riesgos que supone para el MLNG, debe contribuir a consolidar el positivo proceso iniciado por el nacionalismo de izquierda. Conscientes de las diversas velocidades y enfoques existentes en su interior, debemos actuar con la máxima habilidad dialéctica para conseguir que sea una decisión irreversible. Los intereses objetivos de las clases populares y el futuro de la Patria exigen alta visión, responsabilidad, acuerdos políticos de largo alcance y perspectiva estratégica.

Imprescindible repaso histórico

La primera pregunta que instintivamente todo el mundo formula, es saber las razones que provocan que, después de un largo y progresivo proceso de abandono de las tesis soberanistas, el BNG opte por enmendar la totalidad de su práctica regionalista. Y básicamente porque la renovación de caras en su dirección nacional y entre los cuadros intermedios es muy parcial y superficial.

La refundación del nacionalismo galego contemporáneo, plasmado en la creación del BNG en 1982, es resultado del fracaso de la vía rupturista frente al continuismo franquista. La reforma maquillada del régimen español ha provocado enormes tensiones y traumáticas divisiones internas que exigían un nuevo impulso del movimiento nacionalista para adaptarse a la nueva coyuntura política sin renunciar a los principios estratégicos. Derivada de esta coherencia política, habían sido expulsados del parlamento galego los tres diputados (1982) y el BNG fue sometido a una deliberada estrategia de desgaste y destrucción por parte del Estado español. La ruptura de la INTG (1985) fue la más amarga consecuencia del éxito de un enemigo que buscaba domesticar un joven movimiento sociopolítico con clara influencia de masas.

La puesta al día acordada en la III Asamblea Nacional(1987) facilitó posteriormente la rápida incorporación al Proyecto Común de la práctica totalidad de las fuerzas y sectores situados en el ámbito del nacionalismo, pero también de grupos procedentes de la izquierda radical española y del galeguismo centrista, que no cuestionaban el derecho de autodeterminación. El resultado de las decisiones do Carvalhinho fue um espectacular crecimiento electoral que permitió em 1997 sobrepasar al PSOE.

Pero la estrategia institucional-electoral exigía suavizar la línea discursiva y, por lo tanto, abandonar las prácticas más combativas y antisistémicas que habían permitido de forma contradictoria, pero real, la espectacular acumulación de fuerzas sociales y referencialidad alcanzada entre 1972-1987.

El BNG nació como un frente interclasista para "posibilitar la penetración del nacionalismo en el tejido social galego" dotada de un programa soberanista, anti-imperialista, rupturista y de orientación socialista, pero arrastrando las limitaciones genético-estructurales heredadas de los eclécticos y ambigüos 10 puntos fundacionales de la UPG, su verdadero motor y musculatura. La negativa a adoptar una coherente posición estratégica es una de las causas por las cuales el debilitado independentismo de altura en la Asamblea de Riazor opta por no incorporarse finalmente al BNG.

Pero no fue hasta 2001, cuando la frustración provocada por la inesperada cuarta mayoría absoluta de Fraga, acelera la plena incorporación del BNG a la lógica del régimen español. La normalización institucional simbolizada en los saludos entre Beiras y el ex-ministro franquista en una sesión parlamentaria, posteriormente ratificada en una comida en el desaparecido "Vilas", permitió el progresivo abandono del programa político soberanista y de izquierda.

La práctica autonomista/regionalista fue un proceso paulatino e imparable, cuyo primer capítulo fue la "Declaración de Barcelona" (1998) firmada con el PNB y CIU. Pero el punto de inflexión de su definitiva incorporación a la lógica de la Transición fueron los cinco puntos del "Diálogo institucional"(diciembre 2001), pomposamente definido por Beiras como "patriotismo constitucional galego" en el dabate del "Estado de la Autonomía" de diciembre de 2002.

A partir de este momento, primero Beiras y la UPG, y posteriormente Quintana y la UPG, ya en el seno del inesperado bipartito que posibilitó la inédita participación del BNG del gobierno autonómico (2005-2009), fueron elaborando un conjunto de propuestas inconfesadamente autonomistas con formulaciones diversas y grados de intensidad diferente (Manifesto Bóveda, defensa del Estado plurinacional, de la España plural promovida por Zapatero, peso en Madrid, nuevo contrato con el Estado español, Nuevo Estatuto para Galiza) hasta el extremo de ofrecerse a participar en apoyo al gobierno español. Todas, en fin, simples iniciativas que sólo buscaban el mejor encaje de Galiza en España.

Las posiciones del BNG en este período no sólo suponían una capitulación en toda regla, como el fracaso estrepitoso a la hora de pretender transformar una organización con una matriz y trayectoria indiscutiblemente rupturista, en una convencional fuerza política electoral al servicio de la pequeña burguesía y de fracciones de media burguesía autóctona. El BNG intentó absurdamente competir en la representación de una parte del espacio social de aquellos segmentos de las élites periféricas, que reclamaban más contundencia en la defensa de las competencias y del autogobierno autonómico que el endurecimiento jacobinista de Madrid ya en ese momento pretendía vaciar. Pero estos sectores intermedios se identificaban más y mejor con la "Administración Única" de Fraga, que se había apropiado del discurso más tibio del galeguismo por las iniciales facilidades y legitimidad concedidas por Beiras que posteriormente el quintanismoo condujo hasta el paroxismo.

Fue un proceso errático y oportunista, porque el BNG pasó de ser rotundamente contrario a la reforma estatutaria, coincidiendo con el PP y PSOE en que la solución a los problemas de las Comunidades Autónomas pasaban por reclamar más infraestructuras y vías de comunicación (Plano Galiza, PEIT), a defender un Nuevo Estatuto, coincidiendo con la alternancia política en el gobierno español derivada de la victoria del PSOE en marzo de 2004.

Su dirección fue incapaz, o entonces no quiso comprender que, salvo en las formas y en el "talante", nada había cambiado. El primer gobierno de Zapatero tan sólo buscaba ganar tiempo para actualizar los pactos de la Transición y desmovilizar a los movimientos de masas que habían sido esenciales en la ajustada derrota del aznarismo. Porque, tal como se constató con la beligerancia y negativa a aceptar el Plano Ibarretxe y el Nuevo Estatut de Cataluña, Zapatero mantuvo inalterable una ofensiva españolista que siguió avanzando con enorme éxito en la sombra.

A medida que el BNG iba realizando su particular penitencia que adulteró su perfil de fuerza soberanista y de izquierda, pero que, no olvidemos, evitó quedar al margen de la ofensiva fascista del segundo gobierno Aznar (2000-2004), la hemorragia electoral iniciada en 2001 no dejó de aumentar. La desafectación de tradicionales sectores de su electorado y base social fue a la par de pérdida de votos y de la multiplicación de tensiones y rupturas internas que provocaron el precipitado traslado de liderato de Beiras (2003), la escisión de la UPG de 2007, los sonoros abandonos de la XIII AN (2012), en una etapa convulsa y crispada que aún sólo ahora está consiguiendo supeprar.

Este período de crisis electoral, orgánica, de pérdida de prestigio y legitimidad social, se retrasó tanto en ser detectada y asumida por los sectores hegemónicos en su dirección, como la comprensión de profundas alteraciones en la morfología de clases y tendencias sociológicas que se habían operado en el País a partir de la década de los noventa del siglo pasado.

La dirección del BNG se retrasó en exceso en alterar el rumbo porque las enormes regalías y privilegios acumulados en tantos años de inofensiva táctica gradualistas imposibilitaban que cientos de cuadros estuviesen en condiciones de renunciar al status alcanzado. De hecho, aquí radican buena parte de las actuales resistencias internas que dificultan implementar con más velocidad los acuerdos y decisiones adoptadas en la última Asamblea Nacional. Porque, no olvidemos, las condiciones materiales determinan la conciencia.

Cambios que contribuyen a comprender el fracaso de la vía regionalista y del divorcio del BNG con los sectores del proletariado y de la juventud urbana que dejó de identificarse con una fuerza que seguía dirigiéndose a una sociedad que parcialmente había desaparecido y que continuaba obsesivamente soltando lastre ideológico para incorporarse a un régimen cada vez más cuestionado por los nuevos segmentos sociales excluidos, a los cuales el BNG dejara de seducir.

Causas y limitaciones del cambio

Pero ¿Por qué el BNG después del profundo desgaste y desprestigio social que supuso la metamorfosis escenificada en el bipartito, con sus posteriores expresiones en las escisiones que tuvieron lugar en la Asamblea Nacional de Amio, optó por reconducir la línea política? He aquí una incógnita para la cuál aún no tenemos, ni podemos tener una respuesta definitiva, a pesar de que podamos trazar parámetros que puedan contribuir a analizarla.

Sin lugar a dudas, la costosa salida del beirismo en términos sociales y electorales, pero también del núcleo más duro -permitió una mayor cohesión interna que facilitó implementar el cambio de rumbo imprescindible para evitar un aún mayor descalabro electoral y social que superase el punto de no retorno.

Nuestras naturales dudas no se sitúan en el grado e intensidad real del cambio de línea política. En el último año, pero básicamente después de la XIV Asamblea Nacional (marzo de 2013) que elige a Xavier Vence como nuevo porta-voz, se ha producido una indiscutible transformación y reajuste discursivo en el ámbito nacional y social. El BNG ha endurecido y afianzado sus posiciones antineoliberales y anti-imperialistas, cuestionando la presencia de Galiza en la UE, pero también, y básicamente, se ha situado en el campo del soberanismo, abandonando así cualquier veleidad autonomista, demostrando voluntad de superar atávicos timoratismos y complejos. Esto, por lo menos hasta ahora, es perfectamente perceptible en la línea política que impulsa su dirección nacional.

Sin embargo, nuestras lógicas inquietudes radican en saber si realmente este cambio de rumbo -que incluso a veces se niegan a reconocer, justificando que el BNG "siempre fue soberanista", pero que en determinadas etapas (además de errores sin especificar), hubo sectores que confundieron la línea táctica con la estrategica- es fruto de una reflexión autocrítica o bien obedece básicamente a razones de índole de oportunidad política.

La multicrisis del capitalismo español y sus dramáticas consecuencias en Galiza están provocando cambios en las tendencias sociales de cada vez mayores sectores populares, en las cuales la radicalización discursiva, el alejamiento e incluso la ruptura con la corrupta casta político-sindical del régimen es una evidencia. Ante este escenario subjetivamente adverso, el reformismo ha endurecido su discurso, evidenciando, pues, un mayor divorcio con aquellos sectores populares encuadrados en el campo de la izquierda.

En Galiza, la eclosión electoral de la AGE es una presión aumentada que no se puede desconsiderar a la hora de evaluar las razones que provocan que el actual BNG incorpore con enorme coherencia la defensa de la soberanía como elemento medular para solventar los problemas que padece la inmensa mayoría del pueblo trabajador galego. Frente al colaboracionismo explícito de buena parte de Anova con IU, supeditando el eje nacional a la dialéctica derecha-izquierda, el BNG consigue recuperar posiciones pérdidas.

A la hora de evaluar la línea discursiva hegemónica y oficial del BNG no podemos desconsiderar, todo lo contrario, que esta "radicalización" en curso que las comunistas galegas reconocemos y valoramos como positiva- supera la emanada de Riazor, al defender abiertamente la necesidad de un Estado galego, de una República Galega.

Pero tampoco podemos obviar que, aún así, continúa parcialmente hipotecada la doctrina fundacional de 1964, chocando con la fobia nominalista que dificulta emplear la fórmula independentista. Esta limitación, que el BNG se autoimpone, optando por el eufemismoo aparentemente menos agresivo socialmente de defensa de la soberanía versus independencia, es uno de los tabús insuperados sin los cuales no será posible consolidar los indiscutibles pasos alcanzados.

El actual proceso de unidad de acción de la izquierda independentista y soberanista aún se encuentra en una fase inicial de exploración mútua, de apertura de puentes, de conocimiento, diálogo e interlocución. Positiva en cuanto normaliza las anómalas relaciones entre las fuerzas patrióticas que, asumiendo como intrínsecas las divergencias tácticas y estratégicas, estamos situadas del mismo lado de la barricada frente a un enemigo herido de muerte y por lo tanto más peligroso.

En este escenario, Primeira Linha no se ha movido, tan sólo ha ajustado su línea táctica siguiendo los acuerdos del 5º Congreso (noviembre de 2010). Seguimos situados en los mismos parámetros de nuestra génesis (1995-1996) y de la ampliación experimentada a partir del 2001, con la creación de la Unidade Popular. De hecho, esta unidad soberanista es similar a la experiencia promovida en 2003 con la creación de las Bases Democráticas Galegas, posteriormente reformuladas en la inicial Causa Galiza (2007).

Nuestra flaqueza imposibilitó que consolidásemos ese espacio que, tampoco debemos olvidar, poseía un programa de mínimos inferior a los acuerdos alcanzados actualmente entre el BNG y Nós. Las BDG y la Causa Galiza primigenia eran plataformas autodeterministas.

A la hora de analizar con rigor y visión de futuro la actual táctica de unidad de acción, tenemos que recordar que nuestra trayectoria intentó siempre actuar con máxima coherencia táctica y estratégica con base en análisis rigurosas de la realidad, empleando las herramientas del marxismo. Es así que combinamos una oposición contundente al bipartito, enfrentándonos incluso en la calle (manifestación nacional contra los incendios de agosto de 2006), como constructiva con la elaboración de las "444 medidas concretas para una nueva política nacional y de izquierda", o evaluando de forma parcialmente positiva algunas de las propuestas del documento del Nuevo Estatuto.

La actual coyuntura constata como acertadas las decisiones estratégicas adoptadas en el 5º Congreso de dar por superada la fase de unidad de acción del independentismo por sus imposibilidades subjetivas, primando la recuperación del perfil público del MLNG, definiendo su espacio y delimitando pormenorizadamente las tareas y objetivos. El "Nosotros a lo nuestro" permitió evitar precipitaciones y errores pero fundamentalmente en base al ejercicio de la paciencia revolucionaria esperar la madurez de las condiciones subjetivas sobre las que se asiente esta fase.

Revisión de la caracterización del nacionalismo galego

Las resoluciones de la Conferencia Nacional de la UPG (febrero de 2013) son de enorme importancia, pues alteran la doctrina fundacional que hasta el presente ha imposibilitado que el nacionalismo galego defendiese una coherente estrategia independentista.

La anorexia ideológica y bulimia electoral, la patología anti-independentista que venimos denunciando desde la fundación de Primeira Linha, como intrínsecas al BNG y a la UPG, deberán ser progresivamente matizadas e incluso corregidas, en la medida que se consolide lo contrario.

Sin embargo, de nuevo, la ausencia de un debate autocrítico público y la excesiva velocidad en la decisión adoptada, provoca lógicas inquietudes y mucha prudencia en la militancia de la izquierda independentista.

La línea política táctica está condicionada por factores coyunturales, pero los principios estratégicos no se puede someter a los vaivenes del día a día. Por este motivo, es chocante comprender como la misma UPG que declaraba en la presentación del XI Congreso (enero de 2005) que "nunca fuimos independentistas ni separatistas" siguiendo la coherencia discursiva mantenida desde 1964, salvo el paréntesis de 1975-77, y que provocó cada década escisiones cíclicas del independentismo marxista (PGP, PCLN, Primeira Linha, MpB/MGS), ahora apruebe dar inicio a un "proceso social amplio que sitúe en el debate político diario las razones por las cuales Galiza necesita de soberanía, que contribuya decisivamente al crecimiento de la conciencia nacional y que posibilite la acumulación de fuerzas necesarias para caminar hacia el objetivo final de la soberanía y de la independencia nacional, para poder construir en Galiza una sociedad realmente justa, democrática e igualitaria".

Allegro mà nom troppo debe ser nuestra posición hasta que se vea confirmada por una acción teórico-práctica permanente que supere los desafíos a los cuales esta estrategia será irremediablemente confrontada por el enemigo. Pero esta imprescindible profilaxis con que debemos actuar debe ir acompañañda por la continuidad profundizada del diálogo y de los acuerdos que faciliten situar la recuperación de la soberanía nacional de óptica anticapitalista y feminista como punto cardinal en la agenda de los movimientos sociales y populares galegos. Sólo el tiempo confirmará si el cambio de rumbo actual entierra una década de práctica autonomista.

Con respeto, sin perder la perspectiva de nuestra asimétrica representación social y diferencias cualitativas en el programa, principios y objetivos estratégicos, pero con dosis elevadas de generosidad que argamasen la confianza mútua, seremos capaces de cumplir las tareas de esta fase de la Revolución Galega.

 

Este sitio web utiliza 'cookies'. Si continúas navegando estás dando tu consentimiento para la aceptación de las mencionadas 'cookies' y la aceptación de nuestra política de 'cookies'.
o

La Haine - Proyecto de desobediencia informativa, acción directa y revolución social

::  [ Acerca de La Haine ]    [ Nota legal ]    Creative Commons License ::

Principal